Quem não tem um amigo ou conhecido que gagueje? A tendência natural é de ‘ajudar’, concluindo as palavras por ele ou dizendo: “fala com calma”, “respira”. Preocupamo-nos com a forma e não com o conteúdo. Nada mais errado.
Ao contrário da visão estereotipada que temos, a gaguez não tem origem na ansiedade, timidez ou insegurança. A gaguez é uma perturbação da fala de causa multifactorial. Caracteriza-se por interrupções no discurso que quebram a sua espontaneidade e que estão, por vezes, associadas a manifestações físicas (piscar de olhos, aumento da tensão muscular). Não se encontra, como muitos pensam, relacionada com falta de inteligência ou problemas de saúde mental.
A gaguez surge sobretudo na infância, podendo prolongar-se (e agravar) durante a vida adulta. Num mundo onde a comunicação condiciona as nossas vivências, estas dificuldades podem manifestar-se na vida académica (vergonha de participar nas aulas e reservas na escolha da profissão), laboral (condicionando o desempenho e a progressão da carreira) e social (recusa em falar para não ser gozado ou, simplesmente, para não aborrecer o ouvinte).
O terapeuta da fala avalia a dimensão do problema e orienta os indivíduos (ou pais e professores) fornecendo as estratégias necessárias à eliminação/ minimização do problema. Nunca é tarde para tratar a gaguez, uma dificuldade que condiciona gravemente o dia-a-dia de milhares de pessoas.
Gonçalo Leal – Terapeuta da Fala, 24 de Novembro de 2007 Revista Única (jornal Expresso)
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